quinta-feira, maio 07, 2015

Gone in Sixty Seconds…



            - É só um minuto. O doutor já o vai atender.

Ainda com o olhar perdido na nuca descoberta da recepcionista, cujo cabelo desafiava a gravidade com o auxílio de um simples lápis, ocorreu-lhe se seria mesmo só um minuto que teria de esperar. Sessenta segundos… tão curto espaço de tempo não é suficiente para quase nada. Resta-lhe apenas deixar os segundos esvaírem-se até ser atendido. Basta-lhe o ponteiro dos segundos para medir o tempo que passará entre a simpática recepcionista lhe pedir para esperar e ser atendido. Não é tempo suficiente para descer até ao bar e beber um café, não é tempo suficiente para ler um dos artigos da revista que alguém deixou sobre a mesa de vidro junto às poltronas de pele macia.

É tempo pouco mais do que suficiente para ter alguns pensamentos difusos que serão fugazmente esquecidos assim que for chamado para o consultório. Pensamentos tão leves que abandonarão a sua mente tão rapidamente como a invadiram. Nestas circunstâncias um minuto não dá para nada. Seria até preferível retirar esse minuto do Tempo, não ter de o viver, e ser atendido imediatamente!

            - Pode entrar, o doutor vai atendê-lo agora. – A voz da recepcionista desfez a miragem de pensamentos que se formou no deserto da sua mente, de tão distraído nem reparou quantos segundos passaram entretanto…




A sua mão perdeu toda a força e deixou cair a chávena que segurava uma fração de segundo antes de sentir uma dor lancinante apoderar-se do peito… não se apercebeu imediatamente que a falha do seu coração seria fatal. Essa certeza chegou quando tentou, inutilmente, inspirar a próxima golfada de ar. Nesse momento o único pensamento que invadia a sua mente era o quanto seria precioso para ele saber antecipadamente o que o destino lhe reservara. Um minuto que fosse… caberia uma eternidade nesse minuto se ele soubesse ser o derradeiro.

Esses sessenta segundos seriam suficientes para dizer uma última vez à mulher amada o quanto ela significa para ele, que o filho de ambos é um tesouro precioso do qual ele se orgulha, que eles lhe são suficientes para ser feliz pois tudo o resto é acessório.

Teve raiva ao recordar os minutos que desperdiçou em tarefas fúteis ou macilentas… desejou resgatar das garras do Tempo esses minutos preciosos e usá-los para despertar mais um sorriso nos lábios da sua amada antes de os beijar uma última vez, ou para atirar o seu filho ao ar somente para o recolher na segurança do seu abraço. Imaginou viver nesse minuto derradeiro toda uma vida de momentos inalcançáveis.

Mas tudo o que lhe restou, durante esse último minuto, foi ser invadido pela tristeza da imensa saudade dos momentos que iriam preencher todos minutos que não irá viver…

domingo, março 04, 2012

My little bottle of...


Há um ano atrás cometemos uma loucura.
Umas horas antes tinhas partido do continente que te viu nascer , para te vires juntar a mim no continente que nos viu nascer.

Só os loucos são felizes, adoro a nossa loucura e sou muito feliz contigo Pri'ncesa!!!

terça-feira, janeiro 24, 2012

Já não está entre nós…


Já alguma vez sentiram tanto a falta de alguém que até vos deu vontade de chorar? Eu já.

Há um paralelismo inerente entre alguém que foi o nosso mundo no passado e que, por algum motivo, não faz parte do nosso presente e a morte de um ente querido.
Pois é possível as saudades que sentimos por alguém cujo corpo ainda vagueia neste planeta serem do mesmo tipo daquelas que sentimos por alguém que deixou de estar fisicamente entre nós.

Em ambos os casos as pessoas já só existem nas brumas da nossa memória. E, comparando a angústia que se sente quando se está perto do invólucro de alguém que em tempos idos foi o nosso azimute só para constatar que nada resta da sua essência com a tristeza causada pelo vazio que só a morte causa nos vivos, quase somos tentados a pensar que esta última até nos apazigua a alma.

Em ambos os casos somos assolados por uma tristeza causada pelas saudades dos momentos que não será possível partilhar no futuro. Mas é impossível viver o presente (que é mesmo o que o seu nome indica) e alcançar o futuro (que já me deixa tão feliz!) sem largarmos o lastro em que algumas coisas do nosso passado se tornam.

sexta-feira, julho 08, 2011

A vida é uma peça de teatro...



É verdade que só vivemos uma vez… mas do tanto que já vivi até hoje mais me parece que tenho vivido várias vidas ao longo da minha vida.

Como se aquilo que vivo se renove e repita de um modo sempre insólito, mas que me permite evitar certos erros passados e desfrutar com mais intensidade do presente.

Mais me parece que a minha vida não obedece às leis da continuidade temporal e me seja possível fazer algumas coisas novamente de uma forma melhor diferente.

E se hoje sou mais feliz do que era antes é porque tenho sabido aprender com os meus erros e a não repetir os erros cometidos com pessoas em vidas passadas na minha vida presente!

sexta-feira, março 11, 2011

Desfrutar do caminho… em vez de desejar cegamente o destino



“Nada é só bom.”
A imperfeição é parte integrante da vida, e isso é bom. Talvez parte do segredo da felicidade consista em saber ser feliz mesmo sem ter alcançado a felicidade plena (impossível de alcançar?!). Acho que prefiro ser algo insatisfeito e animadamente buscar sempre algo mais, do que estar a boiar num lago de felicidade estagnada…

É mais fácil para mim pensar que tudo aquilo que nos acontece na vida, vem em “pacotes”, “pacotes” esses que contém vantagens e desvantagens (filhos = felicidade + trabalheira; Bom emprego = dinheiro para os pequenos nadas da vida + responsabilidade inerente; etc…), por isso temos que saber desfrutar da parte boa e lidar, o melhor que soubermos, com a menos boa.

Ninguém é feliz se passar o tempo todo insatisfeito por o bom que tem na sua vida ainda não ser a utópica realidade que imagina ser possível alcançar.

Claro que quero ser (ainda) mais feliz do que sou hoje, mas adoro desfrutar tudo aquilo que hoje me faz feliz.